
POR DAVY RODRIGUES
Quando ouvimos a palavra “Inclusão”, muito empregada ultimamente nos meios de comunicação, o que nos vem de imediato à mente é a idéia de que algo esteja fora e necessite ser integrado ou reintegrado. Essa concepção não está errada e é até bem próxima do que realmente venha a significar o termo.
A maneira como essa “Inclusão” pode ser trabalhada é que assume nuances bem variadas, e precisamos estar bem atentos ao quanto podemos promovê-la em nossas mais simples ações do cotidiano. Na sociedade em que vivemos temos a idéia de que muitos paradoxos e paradigmas sociais de herança religiosa ou política estão sendo quebrados, mas na contra-partida outros tanto estão sendo erguidos com pilares bem fortes. Se por um lado as novelas, filmes, seriados, programas jornalísticos, dentre outros tantos meios da mídia televisiva, promovem de maneira sutil e paulatina um processo inclusivo no qual negros, obesos, homossexuais, portadores de necessidades especiais diversas, enfim, um contexto onde as minorias passam a existir e entoar sua voz que há muito tempo ficou abafada pela indiferença, por outro, movimentos silenciosos começam a edificar uma “Torre” com bases bem fortificadas que ainda não podemos imaginar onde pode levar as futuras concepções das sociedades futuras. Por exemplo, verdadeiros paredões estão sendo colocados nas vias de acesso do Rio de Janeiro, como as Linhas Amarela e Vermelha. Os visitantes de outros estados ou países já não se deparam mais com uma imagem chocante (ou real?) dos contrastes sociais de nossa cidade, mas o que ainda não foi desenvolvido foi um “aromatizador” para eliminar o mal cheiro gerado pelos longos anos de abandono de nossos governantes com a Baía de Guanabara. Não ver as Comunidades pode até amenizar um “desconforto” que temos quando nos deparamos com uma realidade que talvez tenha a participação de todos nós, quando não nos importamos com o valor real de nosso voto, quando não protestamos contra as ações corruptas de nossos governantes e assumimos uma postura passiva diante dessa verdadeira “politicalha” instalada à nossa frente.
Somos as duas coisas. Promotores da Inclusão e seus destruidores. Somos, de acordo com nossas atitudes e ideais, os que lutam pelas soluções do presente, mas também os que geram as Exclusões de um futuro bem próximo.
Davy Rodrigues é Bacharel em Teologia e Escritor Romancista Inclusivo.